quinta-feira, 12 de março de 2009

Dois mundos, dois lados


Gosto de vez em quando de brincar com as palavras. Por este motivo, acabo de fazer o que chamo de "jogo de palavras" e não de poesia, pois eu nunca rimo nada. Sou péssima para fazer rimas. Apenas me veio a inspiração e como este espaço tem como objetivo a liberdade de expressão, segue a minha tênue audácia textual:

Dois mundos, dois lados...

Da maturidade, o delírio
a vontade certeira do convívio
dois mundos, dois lados
e o imensurável abismo,
o fundo

O olhar que se despe,
a fantasia que se reveste no formal, no ético
desço, desço, me rebaixo, me entrego
teu cheiro, teu gosto, mas só tenho desprezo

Cresço, cresço
tenho que crescer
mas se crescer é esquecer, menina ei de ser

Anos, anos e à margem do abismo
o reecontro
danos,prantos e em tua pele
as marcas do tempo, não conseguem
escurecer o brilho do teu olhar.

Ah! o teu olhar
que nega incansavelmente o que tuas palavras dizem
prantos, danos
e o infinito desejo da loucura que invade
e arrasa a pele, levemente rubra.

Rubra sim, rubra
da timidez, do pecado, da fúria ardente
que queima, como arde
anos e anos
que passam, passam

Como a brisa fria das lindas noites de inverno
e que no adormecer refletido nos sonhos
entra em erupção o vulcão do desejo,
agora livre...
finalmente livre, que busca o ápice,
o gozo, o murmúrio, os gemidos

Solidão, que solidão
das lindas noites de inverno
apenas a brisa fria, a realidade
era apenas um sonho, um lindo sonho

Agora, da maturidade: a tristeza
da vontade certeira: a angústia da distância que nos une
Dois mundos, dois lados
e o imensurável abismo,
o fundo.

Autora: Glauciane Carvalho

Postado originalmente em: http://glaucianecarvalho.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Humberto, obrigada por compartilhar um poema simplesmente maravilhoso.
    Glauciane, parabéns por este toque profundo.
    Adorei.
    Bjos
    Luka

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