domingo, 29 de março de 2009
O Sol que me aquece
Sonhei que vagava no espaço,
perdido, sem luz, sem calor.
Sentia uma tristeza imensa,
vivia com frio, fome e dor.
De repente, não sei de onde,
surgiu uma estrela distante,
com luz tímida, guiando-me
para o seu calor fulgurante.
Eu sabia que sua energia
destroçaria meu corpo,
e seu calor incineraria o resto.
Mesmo assim, sem pensar,
querendo fugir da escuridão,
mergulharei neste teu sorriso.
(humberto o sousa)
sábado, 28 de março de 2009
Hai Kai
Olhar esquivo
corpo ondulante
sonho vivo
Eugénia Tabosa
As chuvas de maio
enchem de rãs
a minha porta!
Sanpu
Fauno enfezado
seduzo menininhas
com flauta de barro.
Simão Pessoa
sob a árvore imóvel,
silêncio de pássaros dormindo;
paz na noite.
Alaor Chaves
na poça da rua
o vira-lata
lambe a lua
Millôr Fernandes
sem um novo dia
nem o cotidiano
existiria
Jandira Mingarell
chegado para ver as flores,
sobre elas dormirei
sem sentir o tempo
Buson
Tradução de Olga Savary
Na noite escura
um mar de espuma
chama pela lua
Eugénia Tabosa
Minha mão vazia
Esperando a sua
Encontro que cria.
Gabriela Marcondes
Te vejo única
te toco tímida
te sinto úmida.
Simão Pessoa
Um homem caminha
cabisbaixo e só:
perdeu o que não tinha
Eugénia Tabosa
podem tirar tudo da gente
menos a beleza
dessa lua crescente
Ricardo Silvestrin
Fonte: www.seabra.com/
sexta-feira, 27 de março de 2009
ROSA DE HIROSHIMA - Vinicius de Moraes
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada
quarta-feira, 25 de março de 2009
Você diria que me ama?
ignore minhas virtudes,
enalteça meus defeitos,
lembre-se dos vícios,
dos meus esquecimentos.
Se você me ama não diga,
apesar de minha insistência
não diga e aguarde o amanhã,
quem sabe eu fale primeiro.
E quando este amanhã chegar
será o início da felicidade,
da cumplicidade de amantes,
que em fantasias delirantes,
sonharemos com a eternidade.
segunda-feira, 23 de março de 2009
Eu não sei reagir...
Não conseguimos reagir ao sistema, ao governo, ao amor...
Reclamar mais ? Não, desprendemos muita energia ao criticar o sistema, então, que tal falar mais uma vez do amor?!
Pois este sim, nos motiva a alma, entorpece os sentidos, nos preenche a vida...
Segue mais um "jogo de palavras", que não é um poema, pois não tenho técnica para isso, apenas escrevo com o coração.Perdoe-me os amigos poetas que tenho, maravilhosos, e que acompanham este meu singelo trabalho...
Eu não sei reagir...
Eu não sei reagir!
quando esperas uma atitude
aos teus estímulos de fêmea
revelados em toda sua plenitude
Estímulos de fêmea teus
que norteiam meus pensamentos
paralisando-me a racionalidade
que remetem ao frescor de tua idade
Racionalidade paralisada
incandesce minh’alma
levando-me a quintessência do prazer
mas o que eu, um simples mortal, posso fazer?
Eh! Eu não sei reagir!
não sei se te quero
contudo, não deixo de querer-te em
meus devaneios, eu não sei reagir...
E querendo-a me remeto a questionar:
Oh! Bela mulher o que queres de mim,
que todos os homens do mundo não possam te dar ?
Tu não sabes, também, reagir ?
Nego-te meu amor, carinho e atenção
a vida é assim mesmo, complicada, mas
também, não consegues reagir
descobristes enfim, que amar é não saber reagir!
Ao meu doce amor
Autora: Glauciane Carvalho
Postado originalmente em: http://glaucianecarvalho.blogspot.com
sábado, 14 de março de 2009
Minha vida
e continuo andando
mas não aprendo
a olhar o chão.
Vivo cometendo
os mesmos erros
tropeçando, caindo,
até não mais me levantar.
Quando este dia chegar,
talvez eu aprenda
a olhar para o chão,
então não poderei mais andar.
Só me restará sonhar
com os dias em que eu
tropeçava, caia e levantava
e continuava andando.
(humberto o sousa)
quinta-feira, 12 de março de 2009
Dois mundos, dois lados
Gosto de vez em quando de brincar com as palavras. Por este motivo, acabo de fazer o que chamo de "jogo de palavras" e não de poesia, pois eu nunca rimo nada. Sou péssima para fazer rimas. Apenas me veio a inspiração e como este espaço tem como objetivo a liberdade de expressão, segue a minha tênue audácia textual:
Dois mundos, dois lados...
Da maturidade, o delírio
a vontade certeira do convívio
dois mundos, dois lados
e o imensurável abismo,
o fundo
O olhar que se despe,
a fantasia que se reveste no formal, no ético
desço, desço, me rebaixo, me entrego
teu cheiro, teu gosto, mas só tenho desprezo
Cresço, cresço
tenho que crescer
mas se crescer é esquecer, menina ei de ser
Anos, anos e à margem do abismo
o reecontro
danos,prantos e em tua pele
as marcas do tempo, não conseguem
escurecer o brilho do teu olhar.
Ah! o teu olhar
que nega incansavelmente o que tuas palavras dizem
prantos, danos
e o infinito desejo da loucura que invade
e arrasa a pele, levemente rubra.
Rubra sim, rubra
da timidez, do pecado, da fúria ardente
que queima, como arde
anos e anos
que passam, passam
Como a brisa fria das lindas noites de inverno
e que no adormecer refletido nos sonhos
entra em erupção o vulcão do desejo,
agora livre...
finalmente livre, que busca o ápice,
o gozo, o murmúrio, os gemidos
Solidão, que solidão
das lindas noites de inverno
apenas a brisa fria, a realidade
era apenas um sonho, um lindo sonho
Agora, da maturidade: a tristeza
da vontade certeira: a angústia da distância que nos une
Dois mundos, dois lados
e o imensurável abismo,
o fundo.
Autora: Glauciane Carvalho
Postado originalmente em: http://glaucianecarvalho.blogspot.com/