quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Biologia do amor

Luiz Santos

Nunca imaginei o poder da imagem,
O domínio atraente.
Que faz o olhar perseguir,
sem sentir,
A ordenação,
que vem da mente.
A hipnose envolvente fascina
Como ato eloqüente de pura magia,
Penetra nos olhos atravessa a retina
E atinge a alma da gente.
Percorrendo a corrente sangüínea,
Acelera a emoção,
Chega ao coração e faz pulsar a paixão.
Segue em frente, de volta a mente.
Transforma em energia dos neurônios.
Os hormônios ao corpo irradiam.
A imagem se faz simpatia prover
Ornada em beleza,
Tudo perfeito se vê.
Assim nasce o amor.
Em mim.
Em você.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Amor vadio

Márcia Rocha

Estranha a força que me domina;
nunca poderei entender...
dos versos que teço agora;
São só para te enlouquecer...

Dos redemoinhos que me encontro;
da paz que procuro achar...
teu vulto me vem distante;
voltando a me desabar.

Sem ti... sinto-me perdida...
contigo, dor lascinante...
o que me aguarda da vida;
sem teu olhar fascinante.

Felicidade distante...
coração chorando e sorrindo;
nada sei...nada sou...
nada entendo...
desse estranho amor vadio.

Pesa tanto e a vida é tão breve;
minha alma a tua sombra leve!
Derrama no meu coraçâo...
a tua incerteza que fere.

18/11/2008

sábado, 15 de agosto de 2009

Valsar com a vida

Alberto da Fonseca

Ò vida minha
Que te amo tanto
Tu és tão meiguinha
Numa valsa dançando.
Um passo para trás
Dois para a frente
Ope lá!
Uma voltinha
Uma segunda
E uma terceira
Uma quarta ainda
Ò minha vida
Tu és tão lindinha.

A morte estava sentada
Ao canto, no seu lugar
Fizemos-lhe um careta
E fomos os dois valsar.
Um passo para trás
Dois para a frente
Ope lá!
Uma voltinha
Uma segunda
E uma terceira
Uma quarta ainda,
Ò minha vida
Tu és Rainha.

À noite fomos para a cama
Para nos irmos deitar
Mas tu com a tua chama
Preferiste ir valsar.
Um passo para trás
Dois para a frente
Ope lá!
Uma voltinha
Uma segunda
E uma terceira
Uma quarta ainda.
Ò minha vida
Tu és Joaninha.

E pela vida fora
Foi sempre a dançar
E até à aurora
Era só valsar.
Um passo para trás
Dois para a frente
Ope lá!
Uma voltinha
Uma segunda
E uma terceira
E uma quarta ainda.
Ò minha vida
Tu és andorinha!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Lágrima

Amália Rodrigues

Cheia de penas me deito
E com mais penas me levanto
Já me ficou no meu peito
O jeito de te querer tanto.

Tenho por meu desespero
Dentro de mim o castigo
Eu digo que não te quero
E de noite sonho contigo.

Se considero que um dia hei-de morrer
No desespero que tenho de te não ver
Estendo o meu xale no chão
E deixo-me adormecer.

Se eu soubesse que morrendo
Tu me havias de chorar
Por uma lágrima tua
Que alegria me deixaria matar.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Acordes poéticos

Julia da Costa

Não tenho segredos, é pura minh´alma,
Qual cândida aurora rasgando o seu véu!
Velando ou dormindo, chorando ou sorrindo,
Só amo – meus campos – meu solo – meu céu!

Cresci sobre um ermo tristonho e sombrio,
Soltei nas campinas meu primo cantar,
Saudei nas montanhas o sol que nascia,
Brinquei entre moitas ao claro luar!

Sou jovem, sou meiga, sorri-me o futuro
Nas fímbrias douradas de auroras de paz,
A flor das campinas só ama o infinito
Do céu, das venturas, não quer nada mais!

As flores dos prados não causam-me inveja,
Que hei flores mimosas no meu coração!
Lauréis e grandezas, eu não, não aspiro,
Não quero ter gozo tão falso, tão vão!

Não tenho segredos, é pura minh´alma,
Qual cândida aurora rasgando o seu véu!
Velando ou dormindo, chorando ou sorrindo,
Só amo – meus campos – meu solo – meu céu!
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